Manuscritos
Em Manuscrito, temos acesso a livros, dissertações, teses e outros textos que não foram publicados no modo impresso. São pesquisas em Antropologia e áreas afins que trazem a proposta desta plataforma: a experimentação com as grafias, a discussão de modos de conhecer, teorias e métodos.
“Nos hacen falta a todos”: notas etnográficas de acompañamiento a búsquedas de personas desaparecidas.
Edna Mallely Bravo Luis
El presente texto aborda (y desborda) los trasfondos emocionales en los que acontecen las búsquedas de personas desaparecidas en México. En sus páginas expone los sentires y acciones de, quienes organizados colectivamente, buscan a sus seres queridos (en las plazas públicas, en las prisiones, entre la vasta vegetación que pueda esconder fosas clandestinas o lugares de exterminio), pero también de quién investiga, partiendo del cuerpo como recurso metodológico con el cual atravesar y ser atravesada por el campo de investigación al colocarse etnográfica y auto etnográficamente como acompañante-investigadora-sintiente, y con ello aproximar a las y los lectores a los dolores colectivos y combativos mediante un texto que recurre a la narración poética, la reconstrucción de escenarios, la elaboración de bordados por la memoria de las búsquedas y la creación de un cuadernillo etnográfico desde los cuales tejer puentes de empatía, que reafirman que no se trata solamente de “los desaparecidos de los otros”, sino del “nosotros” que hay en todas las personas desaparecidas, para sentirles como propios.
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Erosão Num Pedaço de Papel
Tatiana Lotierzo
Esta tese busca caminhar palavras sobre minhas aprendizagens com os artistas ingas Benjamín Jacanamijoy Tisoy, Carlos Jacanamijoy Tisoy, Kindi Llajtu, Rosa Tisoy Tandioy, Tirsa Taira Chindoy Chasoy e outros amigos, com especial destaque à yacha mamita Merceditas Tisoy de Jacanamijoy, em Bogotá e no Valle de Sibundoy, Colômbia. A palavra caminhar (purij) é usada com frequência por meus amigos, em referência à maneira com que tudo o que faz parte da existência possui um caminhar. Por meio de um caminhar, a criatividade flui e dá muitas coisas, como plantas e quadros. Assim, “caminhar palavras” é escrever como quem traça uma linha no papel e amarra um percurso por meio de um desenho, ou como quem tece, ou semeia a terra. Um caminhar se refere a atividades como passear e viajar pela terra; dedilhar fios de tecido na confecção de chumbes (uma faixa de lã desenhada, que se usa principalmente sobre o ventre, feito cinto) e outras prendas de vestir; semear e cuidar do crescimento das plantas; e seguir linhas que podem virar desenhos, entre muitas outras coisas. Caminhar é ver a criatividade que flui através das muitas coisas que nascem e crescem nos caminhos de alguém. Isto envolve uma maneira de fazer bem/bonito, ou melhor, suma ruray (suma: bom, bonito; ruray: fazer, em inga). Aprendi, com meus amigos, que territórios da existência se ampliam através do suma ruray, seja porque é desse modo que pessoas se fazem, ou porque é assim que se recorda aqueles que vieram de outros tempos, sejam antes ou depois (ñujpa, nos dois casos). Suma ruray é uma dimensão do suma kaugsay (bom/bonito viver), junto com suma yuyay (bom/bonito pensar). Também é como a terra se expande. Mais do que arte, como conceberíamos no ocidente, a vida como um todo nasce e cresce a partir de um bonito fazer. Assim, uma obra pode se tornar uma erosão, que desfaz e refaz seu próprio lugar de aparição e existência.
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E nasce um laboratório de pesquisa
Suely Kofes
Vou lhes contar como se formou o Laboratório Antropológico de Grafia e Imagem. Elaborar uma narrativa desta criação é um desafio porque o La’grima não resultou de uma criação súbita, mas de uma lenta junção de acontecimentos e de encontros distintos, alinhavando tempo, pessoas, livros, intenções. E também desencontros.
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Entre nós, os pobres, eles, os negros
Suely Kofes
Este texto tornado público na Plataforma do La’grima, como nós a apelidamos, resultou de uma longa e intensa pesquisa de campo em uma vila popular da Cohab (BNH) em Campinas, entre os anos 1972 e 1975. Dela resultou a minha dissertação de mestrado: Entre nós, os pobres, eles, os negros. É um ato de risco publicar algo que se escreveu há tantos anos. Ao reler o texto, foi impossível evitar duas impressões, uma a de que é um documento precioso para a antropologia que fazíamos nos anos 70 do século XX, longas pesquisas localizadas e longo tempo no campo, uma escrita ( e só escrita) preservando as falar das pessoas com quem convivi, em conteúdo e forma. Também para as discussões sobre as condições sociais e políticas da negritude no Brasil. No período dessa pesquisa o seu tema fora um assunto de pesquisas e discussões, não o era então, e posteriormente voltaria com intensidade e extensão de supostos e perspectivas. Esta é a sua importância documental, uma peça de arquivo.
É, portanto, como um testemunho que o deixo aqui.
Suely Kofes, San Miguel de Allende, 2023
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Fotobiografia: por uma metodologia da estética em antropologia
Fabiana Bruno
As Fotobiografias de pessoas idosas apresentadas nesta tese nasceram de uma proposta metodológica a qual, sem desprezar o verbal, priorizou e deu confiança ao trabalho das imagens. Por serem carregadas de memórias, elas, as imagens, puderam, diferentemente do verbal, “refletir” e “pensar”, “redescobrir”, e “esquecer”, a memória de pessoas idosas. A pesquisa desenvolveu etapas de um percurso metodológico de natureza visual trabalhando com conjuntos fotográficos compostos por 20, 10 e 3 fotografias. Cinco Cadernos de Arranjos Visuais e cinco Fotobiografias acompanham a tese. Nelas, o verbal e o visual guardam em si, relevância singular, isto é, partilham diferentemente uma mesma tarefa: representar a vida de uma pessoa idosa como um pequeno filme, que ela monta, desmonta, remonta.
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Pindoba: Não existe ciência livre com corpos presos
Luciene Dias; Carolina Piva; Lucas Lustosa
O presente livro reúne produções de pessoas relacionadas ao Pindoba – Grupo de Pesquisa em Narrativas da Diferença -, envolvidas com a construção de pertencimentos afirmados. O Pindoba mantém-se a partir de ações, pesquisas, acolhimento e estudos no sentido de fazer emergir vida plural a partir de corpos interseccionados por elementos de raça/etnia, classe, gênero, sexualidade, geração e outros marcadores sociais da diferença. Nosso transitar passa por um espaço acadêmico ainda profundamente orientado pelo racismo, machismo, preconceitos e outras normatividades hegemônicas. Produzir ciência a partir dos atravessamentos que nos constituem, sem estratificar dores ou opressões e considerando especificidades contra hegemônicas, é o nosso grande desafio e esperança.
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Cerzindo o tecido social: Ressignificações do bordado arpillera e a vida de atingidas por Belo Monstro
Ralyanara Moreira Freire
Grupos de mulheres em diferentes regiões do Brasil estão criando “testemunhos” do cotidiano através de linhas, agulhas, tesouras e tecidos. Seus bordados adotam a linguagem das arpilleras confeccionadas no Chile. Ao se reunirem para bordar, as mulheres refletem sobre perdas e deslocamento forçado; sobre as novas condições de vida; fortalecem a coesão enquanto grupo; e alimentam a consciência de constituição de gênero, classe, raça e etnia. Esses processos acrescentam aos bordados, enquanto objetivação de seu modo de expressão, o sentido de denúncia feminina. Em face dessa realidade, a pesquisa versa sobre as criações, usos e sentidos do bordado arpillera, tal como praticado por mulheres impactadas por barragens no Brasil. As apropriações e ressignificações dessa forma de expressão, disseminada pelo MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens –, revelam experiências de perda, ao mesmo tempo em que permitem a (re)elaboração e expressão do “ponto de vista” de cada uma das mulheres e suas famílias, empoderando-as no contexto das relações de gênero, em particular no enfrentamento de problemas emergentes nas conjunturas locais. Para tanto, a pesquisa focaliza processos socioculturais e políticos relativos à criação de arpilleras no conjunto da vida cotidiana de mulheres em Altamira, estado do Pará, localizada na região do médio/baixo Xingu, assim como a circulação desses bordados para além das especificidades onde são criados. O estudo antropológico foi desenvolvido com mulheres expulsas do Xingu e deslocadas compulsoriamente para Reassentamentos Urbanos Coletivos – bairros construídos na periferia da cidade pela empresa concessionária da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, Norte Energia. A criação do bordado arpillera compõe o pensar-saber-fazer antropologias e pesquisas, de maneira que as peças foram acionadas como uma metodologia de realização do estudo e como constituidoras dos processos de criação da tese.
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Aquilombamento
Luciente de Oliveira Dias
Escrever é um trabalho, é uma ação-movimento que fundamenta o que me foi passado pela oralidade e que sustenta o que será. Daí a relevância e o comprometimento de escritas empenhadas na construção de um mundo melhor. Esse livro-ação-movimento fundamenta, traz histórias que me foram contadas aos pedaços, de miúdo, no cotidiano tão generoso em fazer-se presente, aquilombado. As linhas aqui esticadas trazem histórias que seguem, que passam, que têm corpo pulsante e insistente em incorporar a própria história que se move e foge, que se esconde nas frestas de pedregulhos, no brejo viscoso que provoca muitas adesões. Também sob a inspiração de Conceição Evaristo, em No Meio do Caminho: Deslizantes Águas, estamos diante de um livro-água, que empresta palavras para dizer de não-ditos e busca operar uma eloquente transgressão narrativa. Em um trabalho-ação, trago então algumas palavras-água que percorrem o quilombo Barra de Aroeira, no Tocantins, estado brasileiro criado a partir da Constituição de 1988 e instalado em 1989. Barra de Aroeira é um quilombo que ainda carece de ver suas terras integralmente tituladas, ressonâncias políticas, representatividade reconhecida e cuidados institucionais, mas que brota generosas porções de ciência, história, memória e sabedoria.
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Entre sopros e assombros: Estética e experiência na doença de Alzheimer
Daniela Feriani
Seguir os fios que compõem a doença de Alzheimer, incluindo as linhas de fuga, é o trajeto percorrido por este trabalho. Para isso, acompanhei as consultas da neurologia e psiquiatria geriátrica de um hospital universitário, as reuniões do grupo de apoio da Associação Brasileira de Alzheimer, os blogs escritos por pessoas em processo demencial, além de participar de congressos, fazer visitas às famílias e reunir imagens sobre a doença disponíveis na internet. Ao longo dessa tessitura, alguns fios foram sendo puxados e, num movimento de entrelaçá-los e desmanchá-los, dobrá-los e desdobrá-los, foram compondo um nome, uma experiência e uma estética da doença. Os fios que orientam e se deslocam nesse emaranhado são: doença, velhice, memória, pessoa. Trata-se de mapear o percurso que os mesmos fazem na constituição da doença, bem como as sobreposições entre eles, mapeando um campo de relações, disputas e experiências. Cada fio é um feixe de relações, com pontas soltas que se conectam e desconectam com outras: assim, doença e saúde, velhice e juventude, memória e alucinação, pessoa e “dissolução do self” estão em relação. Entre oscilações, derrapagens e trânsitos, algumas dobras se revelaram nessa textura, como normal e patológico, terror e humor, demência e lucidez, rotina e criatividade, cotidiano e sobrenatural. Ao trazer à tona a pessoa em processo demencial e a dimensão estética, além de diálogos inusitados – com o xamanismo e a literatura -, pude olhar para além do discurso biomédico e mostrar a complexidade, nebulosidade e heterogeneidade da doença de Alzheimer.
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Transplantando eperança: tecnobiopolítica em terapias experimentais com células-tronco para a cura do HIV
Kris Herik de Oliveira
No curso dos últimos quinze anos, médicos e cientistas anunciaram os primeiros casos de “cura” ou “remissão de longo prazo” do HIV por meio de transplantes experimentais de células-tronco com a mutação genética CCR5Δ32/Δ32, que confere resistência à infecção pelo vírus. A presente tese de doutorado tem como objetivo central desenvolver uma cartografia dessas experimentações tecnobiocientíficas com células-tronco para a cura do HIV, a partir de uma perspectiva socioantropológica. De forma mais específica, busca-se compreender como a cura é performada em diferentes contextos, isto é, de que modo materialidades são forjadas através de narrativas e práticas que constituem realidades múltiplas. Nesse movimento, são localizados os agentes, agenciamentos e devires que se emaranham e transbordam às terapias experimentais. Atenção especial é dedicada ao corpo e aos seus desdobramentos. E, para dar a ver esses processos, são experimentados outros modos de narrar a pesquisa. Para tanto, documentos heteróclitos, constituídos por materiais científicos, jornalísticos e biográficos, foram coletados e analisados criticamente por meio de um processo de “desarquivamento”. Desse modo, a pesquisa percorre diferentes paisagens biotecnológicas que figuram a tecnobiopolítica contemporânea, oferecendo um testemunho modesto das continuidades e rupturas em relação ao “paradigma da incurabilidade” do HIV. Observa-se que os primeiros casos de cura podem ser apreendidos como acontecimentos na trajetória da pandemia de HIV/aids, promovendo curtos-circuitos em estados de coisas e suscitando o despertar de novas controvérsias no cenário tecnobiocientífico. Apesar da esperança gerada, os transplantes de células-tronco com a mutação genética não apresentam a solução definitiva para o problema, mas sim uma possibilidade, um caminho porvir. Os corpos, nesse contexto, são lidos como aberturas para processos de reconfiguração ontológica e conexões singulares, estabelecendo, inclusive, novas formas de parentesco mediadas pelas experimentações terapêuticas. Assim, a tese explora a complexidade da “economia política da cura do HIV”, que entrelaça o passado, o presente e o futuro da pandemia em um cenário cada vez mais vez mais molecular e individualizado.
De encontros, verdades e afetos: cartografias da sexualidade
Kris Herik de Oliveira
A autorepresentação de mulheres como prática fotográfica: uma etnografia visual da cena contemporânea em Maceió/AL
Tayná Almeida de Paula
Esta etnografia visual nasceu da experiência de pesquisa com as autorrepresentações fotográficas de mulheres na cena contemporânea em Maceió, Alagoas. Movida pelo reconhecimento de assimetrias de gênero no campo da fotografia, categoria na qual também estou inserida enquanto fotógrafa, investiguei como as autorrepresentações de mulheres produzem “fraturas” na fotografia dominante, caracterizada por historicamente operar em detrimento das “mulheres fotógrafas” e das “mulheres fotografadas”. Considerando o movimento de mulheres que por iniciativas individuais ou coletivas vem contestando a produção masculina dominante, a pesquisa aconteceu com Amanda Bambu, Gabi Coêlho, Laryssa Andrade e Natie Paz, fotógrafas que contribuem para a recriação de visualidades na cena local, além do Punho – Coletivo Alagoano de Mulheres da Imagem, que contribui para pensar o ativismo emergente de fotógrafas na cidade de Maceió. Tendo em vista o contexto de enfrentamento à pandemia da Covid- 19, apresento impulsos criativos que emergem do gesto artístico de aprender na prática com as parceiras de pesquisa a como me autorrepresentar fotograficamente. Nesse sentido, esboço uma experiência na qual as fronteiras entre racionalidade científica e emoção, sujeito e objeto, arte e ciência são postas em questão.
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Luiz Braga: uma fotografia da Caboquice?
Alysson Camargo
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“Revisitando uma pesquisa, experimento com outras grafias”
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“Os anacronautas do teutonismo virtual: uma etnografia do neonazismo na internet”
“Observando o ódio [recurso eletrônico]: entre uma etnografia do neonazismo e a biografia de David Lane”
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