Ana de Niemeyer / Entardecer / 2015/ Água-forte e água-tinta s/papel. 30x34cm.
Sempre senti a atmosfera da mata quando subia a serra para Petrópolis e lá ficava.
A neblina no meio da floresta, o mistério das árvores tão grandes, os riachos, as cachoeiras despencando morro abaixo. A tempestade que tudo clareia e, ao mesmo tempo, escurece, nos afastando e nos aproximando da natureza. O cheiro de terra molhada, os bichos nunca antes vistos que, de repente, aparecem, outros habituais que se escondem. Enfim, tudo é mistério, mas também familiar, pois outras tempestades, nevoeiros, sombras e luzes virão. Parece que a natureza, quando somos crianças, nos prepara para o crescimento, para a repetição, para a transformação. Bichos de outrora reaparecem quando menos esperamos, serão os mesmos? Se sim, eu não tinha prestado muita atenção na beleza de cada um. O desenho, a gravura, a aquarela – porque é água – levam-nos para perto deles. Não devemos ter medo de representá-los, pois, desde que os respeitemos, eles sempre serão o que são, perto ou longe de nós.
Acompanham este texto duas gravuras em metal e uma aquarela.