Lapsos
Conter e transbordar. A complexidade do processo mnemônico: lembrar, esquecer, inventar. Ordem e saliência. Os lapsos, lacunas, camadas, movimentos da memória como aquela que tanto descreve como cria mundos e possibilidades de vida. A memória como nó temporal, uma sobreposição entre passado, presente e futuro. Memória como imagem, evocação, profecia. As metáforas da memória: escavação, labirinto, sismografia, corpo, ruína. O processo mnemônico como signo e sintoma, cura e patologia, invenção e delírio. As operações que dão vazão à memória: cartas, testemunhos, álbuns, arquivos, fotografias, (auto)biografias. Como descrever o indescritível, imaginar o inimaginável, experimentar algo que não se quer experimentar? Uma escrita que se reinventa à medida em que reinventa a vida e atravessa os tempos. Os limites e alcances da narração: o narrar como exigência e insuficiência. Levar a língua a delirar (Deleuze, 2011): as estratégias da literatura e ficção científica para narrar(-se). Rememorar, escolher o que lembrar e o que esquecer, montar, numa dobra entre documentação e invenção.