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Vislumbres

Olhar de relance, capturar algo em movimento, apreender antes que desapareça, descrever como um lampejo. Descrever uma piscadela, um vislumbre, um pensamento em foguete. Uma borboleta que passa, ziguezagueante, num movimento de olhares em olhares (Didi-Huberman, 2018). Um segundo que dura uma eternidade. Um gesto e um afeto que se tornam ato, questão, pensamento, experimentação. A dúvida no ato da percepção que leva a abrir o exercício do olhar. Olhar de novo, olhar além, ver o invisível. Olhar mais uma vez: descrever, desenhar, compor, imaginar, fazer algo com o visto e o não compreendido em um primeiro momento. A imaginação e a memória como modos de conhecimento. Traçar linhas de fuga (Deleuze, 1992) que torcem a verticalidade da classificação e representação. Deixar-se pasmar, afetar, espantar. Ficar de boca aberta. Fechar os olhos. O que podemos dizer quando estamos boquiabertos? O que ver de olhos fechados? Um convite para incorporar os bastidores, alicerces, gestos, assombros da pesquisa como valores heurísticos, em sua potência analítica, descritiva, inventiva. Como mostrar o que nos arrebata, atravessa, incinera?