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Camadas

Falamos em camadas de um bolo, camadas sociais, camadas geológicas, camadas atmosféricas e até mesmo camadas da linguagem verbal. Ou, como irá propor Michael Taussig (2011), quando fala especificamente sobre o desenho, podemos pensar na cebola, composta por suas diversas camadas. Além ou aquém dos vários significados do termo, passíveis de serem encontrados em qualquer dicionário, quais seriam as potencialidades deste conceito quando lidamos com múltiplas grafias na confecção do saber antropológico? Aqui, do mesmo modo, nos parece que a “camada” é polissêmica, um elemento teórico com potencialidade e caráter epistêmico e heurístico, um “saber-fazer” capaz de relacionar e (des)conectar distintos materiais de trabalho. Nessa direção, seria a (des)montagem o caminho na (des)articulação desses componentes, um movimento de mão dupla que inclui os seus intervalos, vazios, acasos e esquecimentos? Em caso de resposta afirmativa, como se daria tal processo complexo? Nossa sugestão é que tanto a colagem, que, por si, já consiste na combinação de fragmentos/partes que podem ou não ser heterogêneas, quanto as tensas e densas relações entre diferentes formas de expressão e grafias (descrições verbais, narrativa orais, fotografias, filmes, desenhos e pinturas) oferecem pistas instigantes nesse processo de pensamento criativo e imaginativo. Um pensamento, igualmente, por camadas.