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Conexão

A palavra conexão, do latim connectare (atar junto, atar um ao outro), é formada por com (junto) mais nectere (ligar, atar). Da raiz de conectar, vem também a palavra nexo.

Uma leitura do verbete conexão em dicionários nos indica, ainda que superficialmente, a amplitude do campo semântico desta noção. O seu uso sociotécnico contém ato e valor, movimento e lugar, artefatos e dispositivos. 

Esta palavra torna-se conceito em Strathern quando adjetivada como parcial, a formulação que deu título a um de seus livros, Conexões Parciais. Como relação, no sentido que lhe dá essa autora, entre coisas e pessoas e relação entre ideias, ou seja, concreta e abstrata, é o que nos inspira o que aqui queremos sugerir por conexão. Por exemplo, quando ela evoca o ciborgue, “um circuito integrado entre as partes, funcionando umas como extensões de outras” (STRATHERN, 2004, p.55), em que se pula dos pensamentos ou de uma vida social para outras. Deste ponto de vista, não se trata de operar com o procedimento que cria uma colcha de retalhos, ou mosaicos, mas de dobras, uma conexão sem a dicotomia entre interior e exterior (entre sociedade/cultura como totalidades, entre partes a serem coladas). Relações, como conexões parciais, carregam consigo em sua extensão as informações que contém.

A conexão como desafio oferece-se como contraponto a outras e importantes possibilidades de nexos e junções, como, por exemplo, a montagem e a colagem, que são operações distintas e produzem efeitos distintos. Há que cotejar esses efeitos tendo em vista a multiplicidade que se queira alcançar. Aliás, do ponto de vista da conexão aqui sugerida, um artefato, a grafia, a linha e, certamente, narrativa meshwork (INGOLD, 2007, p. 70-80) podem conter a multiplicidade, pelo efeito de suas conexões parciais. Neste caso, são singularidades, e não isolados. Mas, o que dizer de fragmentos? Fica o desafio, principalmente para a descrição.