Vislumbres | Traços | Sombras | Ruídos | Lapsos | Conexão | Composição-montagem | Camadas
hemba 1

Hêmba

Edgar Kanaykõ Xakriabá e Fabiana Bruno

2023

A fotografia é um meio de luta para fazer ver – com outro olhar – aquilo que o povo indígena é. Com essas palavras, Edgar Kanaykõ Xakriabá, fotógrafo que pertence à Aldeia de São João das Missões, no norte do estado de Minas Gerais, define sua maneira de conceber fotografias no mundo. Na língua Akwẽ, Hêmba, título do fotoliovro de sua autoria, significa “alma e espírito” e a sua tradução alude à concepção de “fotografia e imagem”.

Uma montagem por fragmentos

Daniela Feriani

2020

Este texto foi feito com frases, questões e inquietações a partir do debate que aconteceu numa reunião do Laboratório Antropológico de Grafia e Imagem sobre, principalmente, a operação de montagem como modo de conhecimento e suas possíveis relações com fragmento, colagem, experimento.

Sobre pérolas, botões, corpos e estrelas: uma montagem a partir do filme “O botão de pérola” (2015), de Patricio Guzmán.

Fabiana Bruno

2020

Montagem feita a partir do filme “O botão de pérola” (2015), de Patricio

Guzmán.

Montagens que fazem ver: fios, sombras e estilhaços

Daniela Feriani

2021

O objetivo deste texto é mostrar como a montagem enquanto dispositivo de operação e modo de conhecimento contribuiu para fazer ver algumas relações inusitadas, obtusas, não óbvias (ou não dadas a priori) em minha pesquisa com pessoas em processo demencial. A partir de 03 montagens, mostro como o percurso etnográfico consistiu em recolher os fios que vão compondo a demência em diferentes campos e sujeitos, as conexões e desconexões que esses processos operam – os deslocamentos conceituais das noções de pessoa, doença, memória, velhice, realidade – e como o diálogo com os rituais xamânicos me permitiu ver o que normalmente não se vê diante de uma enfermidade como essa, transbordando da biomedicina para outras dimensões possíveis.

Tem uns peixes aqui

Daniela Feriani

2023

Eu acompanhava seu João em uma consulta no ambulatório de neurologia
de um hospital universitário, junto com sua filha, Paula, a principal
cuidadora, quando notei, na sala de espera, que ele olhava para baixo com
muito interesse. Segui a direção de seu olhar. Ele percebeu o meu
movimento e comentou: “Tem uns peixes aqui”. “Uns peixes?”, perguntei.
“É, tem uns peixes nadando nos meus pés”.

A ruína da imagem: algumas linhas sobre uma fotografia em estado de desaparição

Rodrigo Frare Baroni

2024

Este pequeno texto é um experimento, um devaneio por extenso elaborado por ocasião de uma tentativa de me aproximar de um conjunto de fotografias descartadas que compõe o projeto ACHO – Arquivo Coleções de Histórias Ordinárias. Dentro desse arquivo-coleção, oriundo da parceria de artistas e pesquisadores com catadores de materiais recicláveis da cidade de Campinas-SP, algumas imagens puídas e desbotadas me chamavam particularmente atenção, pois esse estado material parecia exprimir, para mim, algo referente ao próprio abandono dessas imagens. Elegi, portanto, uma dessas imagens para tentar pôr em palavras algumas das impressões inconclusas acerca do que essa fotografia me suscitava.

A dança das águas marajoaras 

Alysson Camargo 

2018

Em maio de 2018 participei da Vivência Marajó, uma residência artística na Ilha do Marajó (Pará, Brasil) com o fotógrafo Luiz Braga. Durante essa experiência, produzi um curta-metragem chamado “Dança das águas marajoaras”.

Marajoara 

Alysson Camargo 

2018

Em maio de 2018, participei da Vivência Marajó, uma residência artística na Ilha do Marajó (Pará, Brasil) com o fotógrafo Luiz Braga. Durante essa experiência, fiz uma série fotográfica sobre o carimbó intitulada Marajoara I, II e III.

CERZINDO O TECIDO SOCIAL: Ressignificações do bordado arpillera e a vida de atingidas por Belo Monstro

Ralyanara Moreira Freire

2021

Grupos de mulheres em diferentes regiões do Brasil estão criando “testemunhos” do cotidiano através de linhas, agulhas, tesouras e tecidos. Seus bordados adotam a linguagem das arpilleras confeccionadas no Chile. Ao se reunirem para bordar, as mulheres refletem sobre perdas e deslocamento forçado; sobre as novas condições de vida; fortalecem a coesão enquanto grupo; e alimentam a consciência de constituição de gênero, classe, raça e etnia.

O Museu das Invasões 

2023

Emiliano Ferreira Dantas

O Museu das Invasões é uma longa pesquisa antirracista que se apresenta como uma proposta crítica destinada a despertar a consciência de que as imagens/fotografias produzem discursos de poder. Neste sentido, como podemos ler e interpretar imagens/fotografias feitas para representar o “outro” como exótico?

Pindoba: Não existe ciência livre em corpos presos

Luciene Dias

2023

O livro Pindoba: Não existe ciência livre com corpos presos expressa os nossos primeiros brotos aglutinando pesquisas, estudos e apoios mútuos em níveis de graduação, mestrado e doutorado. Teorizamos a partir de nossas múltiplas experiências e o que nos agrupa são as nossas diferenças. Por isso, o livro reúne textos e imagens que, elaboradas por Ralyanara Freire, evidenciam em papel algodão diversos cortes, furos, errâncias, trilhas e pontuações sintetizando nossos atravessamentos.

Bordando um mapa: um experimento com linhas

Hellen Fonseca

2023

Esse experimento foi produzido com o intuito de traçar a rota marítima percorrida pelo músico e poeta pelotense Luiz Carlos Lessa Vinholes (1933 -), de 4 de julho a 7 de agosto de 1957. O navio Burajiru Maru zarpou do porto de Santos, cruzou o canal do Panamá, aportou em Los Angeles e chegou ao Japão após 33 longos dias no mar.

 

Desarquivar

Kris Herik de Oliveira

2023

Vídeo da Tese de Doutorado em Ciências Sociais de Kris Herik de Oliveira, intitulada “‘Transplantando esperança’: tecnobiopolítica em terapias experimentais com células-tronco para a cura do HIV”, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com orientação da Prof.ª Dr.ª Daniela Tonelli Manica, defendida e aprovada pela banca examinadora em 18/08/2023.

Três diários de grafia

Kris Herik de Oliveira

2023

Vídeo da Dissertação de Mestrado Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas de Kris Herik de Oliveira, intitulada “De encontros, verdades e afetos: cartografias da sexualidade”, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da Faculdade de Ciências Aplicadas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com orientação da Prof.ª Dr.ª Carolina Cantarino Rodrigues, defendida e aprovada pela banca examinadora em 01/02/2019.

Alumiou o Cerrado, Explodiu em Cores

Ralyanara Freire

2023

A pesquisa e experimentação visual Alumiou o Cerrado, Explodiu em Cores é uma série de gravuras em pequenos formatos. O trabalho está sendo desenvolvido desde 2022, quando foi apresentado através de fotografias bordadas. Agora, ele está sendo experimentado por meio da gravura em relevo. As imagens são abstraídas a partir de “caminhadas sensitivas pelo Cerrado”, que são acompanhadas de escutas e pesquisas de campo entre mulheres conhecedoras do lugar, como raizeiras, parteiras, benzedeiras.

Incorporar

Sabrina Sanfelice

2023

Essa pequena série de fotografias é parte integrante de uma grande coleção de imagens, realizadas a partir do ano 2003 até recentemente, em diferentes cemitérios no Brasil e no mundo. Atualmente, a coleção conta com mais de cinco mil imagens.

Martes por vir

Oscar Guarin

2023

Trata-se de um conjunto de ensaios em vídeo, resultado do projeto “Imagens de tempos futuros” (2019-2023), desenvolvido pelo SensoLab, com financiamento da Vice-reitoria de Pesquisa da Pontifica Universidad Javeriana, Bogotá. A proposta consistiu em pensar o significado da exploração de Marte a partir de múltiplas perspectivas, colocando em tensão e suspeita as certezas que acompanham esse projeto.

AQUILOMBAMENTO

Luciene de Oliveira Dias
 
2022
 
Arriscar-se na escrita do que é sentido e vivido cotidianamente é trazer para o mundo das letras o que a maior parte das pessoas chama de “realidade”. É de uma complexidade encantadora escrever uma realidade em fuga, uma realidade movediça, uma realidade aquilombada, uma realidade que se esconde em cada beco, em cada fresta que se abre, em cada brejo que se forma.

Um dia de mercado

Ernenek Mejía e Mariana Petroni

2007

Estas são fotografias tiradas no município de Yalálag, localizado na Serra Norte do estado de Oaxaca no México, durante um dia de mercado, no qual os moradores da cidade comercializam os produtos de suas pequenas propriedades. Yalálag é habitada por 2000 indígenas zapotecos, que falam a língua com o mesmo nome, e compõem uma população extensamente numerosa no estado.

Um experimento fotoetnográfico

Suely Kofes

2023
 
A pesquisa e a escrita da minha dissertação de mestrado, “Entre nós, os pobres, eles, os negros”, defendida em 1976, não incluiu fotografias. No
diário de campo, fiz desenhos das casas, mas não os incluí no texto final. Na Plataforma do La’grima, “Grafia em Linha”, é possível ter acesso à referida dissertação em “Manuscrito”. Completando a postagem, e como extensão dela, eis aqui um “experimento fotoetnográfico”, ou como experimentos em grafias.

As imagens e as linhas:  um experimento a partir de The Life of Lines de Tim Ingold

Fabiana Bruno
 

2023

O experimento apresentado é um exercício dedicado a olhar as imagens – e não apenas ler o texto – que acompanham as três partes da edição da obra “The Life of Lines”, de Tim Ingold. Essa tentativa corresponde à proposição de olhar, detalhar e perceber o “movimento” e o “trabalho” das linhas, que se dão também com e por meio das imagens selecionadas de diferentes naturezas (reproduções de desenhos, fotografias, pinturas e gráficos) ao se relacionarem com o texto dessa obra.

Montar, pensar, imaginar

Fabiana Bruno
 

2023

A partir da escolha de três montagens realizadas ao longo de minha trajetória de pesquisa na antropologia, mostro, em um texto que se pretende breve, como essas operações – ou atos – permitiram “tornar visível”, “fazer aparecer”, “fazer ver”: de um lado, o quê e como se afeta, se narra e se lê uma imagem e, de outro, o quê e como se mostra, se imagina e se ouve uma imagem. A inspiração, aqui, é no universo das montagens “dos atlas” (WARBURG, 2010; DIDI-HUBERMAN, 2013) – e não apenas “dos álbuns” – para perscrutar o conhecimento por imagem constituído nas intersecções do pensar e imaginar.

De Marte para a Terra

 
Marta Cabrera e Óscar Guarín Martínez

2024
 
Este texto é um dos produtos da pesquisa intitulada “Imágenes de Tiempos Futuros”, financiada pela Vice-Reitoria de Pesquisa da Pontificia Universidad Javeriana (Bogotá). É também o resultado de vários encontros em diferentes espaços dos quais os autores participaram em nome do SensoLab, um laboratório de experimentação em ciências sociais da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Javeriana.

Serras de outra ordem

Mariana C. A Petroni
 

2024

 
Este texto é uma breve reflexão sobre grafias de vidas indígenas a partir do debate realizado na Sala de Cinema do La’grima do dia 21 de agosto de 2020. A discussão foi sobre o filme Serras da Desordem (2016), de Andrea Tonacci.

Senhoras do mar

Aina Azevedo e Jeferson Carvalho

2021

 
Composição gráfica motivada pelo filme Ama-san (2018), de Cláudia Varejão, discutido na Sala de Cinema do La’Grima, em 2020. Inspiramo-nos livremente nas discussões do grupo, bem como em frases e imagens do filme.

O Mistério

Clarissa Reche

2019

 
Bordado e colagem feitos a partir de imagens de enciclopédias de ciência encontradas no lixo. Inspirada em (bio)grafia.

Natureza

 
Ana Maria de Niemeyer

 

2024

 
A neblina no meio da floresta, o mistério das árvores tão grandes, os riachos, as cachoeiras despencando morro abaixo. A tempestade que tudo clareia e, ao mesmo tempo, escurece, nos afastando e nos aproximando da natureza. O cheiro de terra molhada, os bichos nunca antes vistos que, de repente, aparecem, outros habituais que se escondem. Enfim, tudo é mistério, mas também familiar, pois outras tempestades, nevoeiros, sombras e luzes virão.

Mapas visuais

 
Alexsânder Nakaóka Elias

 

2024

 
As composições aqui apresentadas correspondem ao segundo e terceiro dos três mapas visuais que elaborei para compor o quinto capítulo da minha tese “Dupla imagem, duplo ritual: a Fotografia e o Sutra Lótus Primordial”, fruto das minhas pesquisas junto à comunidade budista Honmon Butsuryu-shu (HBS), cuja matriz é japonesa.

Da escrita e imagem à grafia, e os desafios da descrição

Suely Kofes

 

2024

 
O desafio aqui sugerido é o de nos deslocarmos da oposição entre termos como o de escrita (e texto) e imagem para as suas relações contidas na noção de grafia. Interessa também problematizar a descrição, considerada como necessária para a antropologia.

GLOSSÁRIO VERBO-VISUAL 

Alexsânder Nakaóka Elias

 

2024

 
Este exercício tem como alicerce o acervo formado por diários fotográficos, narrativas orais e cadernos de campo escritos que compus durante diversas etapas de pesquisa junto à primeira comunidade budista do Brasil,
denominada Honmon Butsuryu-shu (HBS).

Bolor, rugas, vestígios do tempo. 

Bianca de Camargo Setti
2021
 
Experimento em vídeo produzido a partir das reflexões em torno no filme “Os catadores e eu”, de Agnès Varda, e da discussão realizada sobre ele no contexto da Sala de Cinema La’Grima.

As respigas de Varda 

Bianca de Camargo Setti

2021

 
As respigas de Varda” é resultado das reflexões em torno no filme “Os catadores e eu”, de Agnès Varda, e da discussão realizada sobre ele no contexto da Sala de Cinema La’Grima. O trabalho busca pensar a partir de Walter Benjamin e Etienne Samain o gesto de respigar para além dos restos, percebendo a própria Varda enquanto respigadora de imagens na construção de sua narrativa fílmica.

A vida das rendas de bilros na Casa das Rendeiras 

Ana Carolina Campos Almeida


2021
 
A partir de meu trabalho de mestrado e doutorado na associação de mulheres da Casa das Rendeiras em Ilha Grande, Piauí, Brasil, pude perceber alguns entrelaçamentos de linhas nas mãos dessas mulheres rendeiras de bilros. Gestos, cores, sons.